sexta-feira, 30 de abril de 2021

BRIGHT FRIDAYS

 Desmistificando o Yôga


Trago-vos aqui um pouco da última sexta-feira brilhante, com o tema "Desmistificando o Yôga", dada pelo Professor Hugo de Sousa. 

É difícil fazer uma síntese que faça jus àquilo que foi conversado e transmitido pelo Professor Hugo, pois foi uma hora muito rica, muito vasta de conteúdos, de referências, de ligações.


representação de Pashupati (Shiva) (segundo a interpretação mais aceite), encontrado em Mohenjo Daro, data de 2350-2000 AEC

  • O que é então o Yôga?
O Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi, o estado de hiperconsciência ou megalucidez.
Segundo Patañjali (século III A.E.C.), "yôgash chitta vritti nirôdha" traduzido como "yôga é a supressão da instabilidade da consciência".

  • Como se chega ao samádhi
Através da prática, neste caso, do Ashtánga Sádhana (e de outras práticas avançadas), desenvolvendo capacidades físicas e mentais que estão "adormecidas" em todos nós. Mas há um ponto fulcral que precisa de ser desenvolvido para que seja possível alcançar a consciência expandida: o despertar da kundaliní

  • O que é a kundaliní?
A kundaliní é uma energia física, de natureza neurológica e manifestação sexual. É a energia do Universo, presente em nós, e é representada sob a forma de uma serpente. Esta energia está latente no chakra raiz, múládhára chakra. Quando esta energia desperta, ascende através dos sete chakras principais até ao sahásrara chakra, conduzindo o praticante ao samádhi. 
Segundo Shivananda (1854-1934), sem kundaliní não existe samádhi.


Ilustração do livro Chakras e Kundaliní, Mestre DeRose


Este despertar da kundaliní não é, na maioria dos casos, um processo imediato ou instantâneo, mas sim uma evolução gradual, lenta, de expansão da consciência, de autoconhecimento, de autoentrega. Com a imersão na prática, ao longo de anos, o yôgin percebe cada vez mais capacidades, mentais e físicas. E essa percepção permite aceder a sectores do inconsciente coletivo (ákásha), e assim resgatar conhecimentos que ficaram contidos no próprio Universo ao longo de milhares de anos. 

Sobre isto e muito mais, falou o Professor Hugo de Sousa, e seriam precisas muitas mais horas para realmente compreender a dimensão daquilo que está  subjacente à prática e à vivência desta filosofia milenar, património cultural e imaterial da humanidade, que é o Yôga.


Hoje teremos a Professora Lisete Quintino a falar-nos sobre Karma, lei da acção e reacção, um tema muito interessante, nesta que será mais uma Bright Friday cheia de sabedoria e alegria. 

Deixem as vossas opiniões, o vosso conhecimento, as vossas experiências, nos comentários abaixo. 

Muito obrigada pela vossa presença aqui no blog da nossa Escola de SwáSthya Yôga 5 de Outubro.


quinta-feira, 29 de abril de 2021

Thursday Challenge a respirar

Olá!

E num instante já é dia de mais uma Thursday Challenge!

O fim de semana passado foi especial! Foi fim de semana de exames com algum nervosismo, mas com muitas aprendizagens e superação!

Na nossa escola, as épocas de exames são sempre alturas que nos colocam à prova e também que deixam vir ao de cima a nossa união através da força, energia, apoio e aprendizagens que partilhamos.
São momentos com alguma tensão mas cheios de felicidade e sorrisos quer por quem está a fazer os exames, quer por quem está a assistir deliciado com os colegas.

Depois desta agitação, esta semana a proposta da Thursday Challenge é respirar fundo para trazermos de volta a calma, de dentro para fora.

A respiração do praticante de yôga é sempre (salvo raras exceções) uma respiração lenta, profunda, ritmada, silenciosa, estritamente nasal, com a menor projeção de ar possível e consciente.
E é principalmente na consciência da respiração que nos vamos focar.

Reservem uns minutos para se focarem só em vocês mesmos e na vossa respiração.
Comecem por levar a vossa atenção à respiração. Está calma ou acelerada?
Percebam isso e depois, gradualmente, vão fazendo inspirações cada vez mais profundas e lentas, "saboreando" o ar a entrar e depois a sair pelas narinas.

Mantenham a vossa atenção focada somente na respiração e comecem a dirigir o ar para a parte baixa dos pulmões, na zona do abdómen, expandindo-o cada vez que inspiram e contraindo naturalmente quando expiram (podem colocar a mão no abdómen para ajudar a perceber esse movimento: ar para dentro barriga para fora, ar para fora barriga para dentro).

A esta respiração chamamos respiração baixa, uma vez que estamos a utilizar somente a parte baixa dos pulmões mas 60% da sua capacidade total.

Depois, levem o ar à parte intermédia dos pulmões ou zona intercostal expandindo lateralmente as costelas, executando assim a respiração média que utiliza 30% da capacidade pulmonar.

Por fim, dirijam o ar à parte alta do peito, elevando-o ao máximo.
A respiração alta, embora seja a que a maioria das pessoas utiliza diariamente, está associada a estados de stress e a uma reduzida capacidade pulmonar dado que só nos permite utilizar 10% desta.

Aliando estas três fases da respiração conseguimos utilizar 100% da capacidade pulmonar, aumentando significativamente a entrada de ar e de oxigénio no nosso organismo.
Ao expirar deve fazê-lo no sentido inverso, soltando o ar primeiro da parte alta dos pulmões, depois média e por fim baixa.





A respiração é uma função indispensável à nossa sobrevivência mas vai muito para além disso.

Uma respiração consciente na nossa vida e no dia a dia permite-nos oxigenar melhor o nosso corpo e consequentemente o cérebro e também gerir os estados emocionais, ao percebermos que a nossa respiração é alterada por estes e vice-versa. Desta forma conseguimos conscientemente modificar o nosso ritmo respiratório e superar alturas de maior agitação.


Lembrem-se de parar todos os dias para respirar com consciência.


Nota: se a respiração completa for ainda difícil de executar, foque-se apenas na respiração baixa.


Se quiserem saber mais sobre a respiração yogí e como ingressar nesta filosofia de vida que é o SwáSthya Yôga ,podem entrar em contacto através do email: geral@yoga5deoutubro.org



Thursday Challenge by Ana Moutinho


quarta-feira, 28 de abril de 2021

WEDNESDAY MAGAZINE - REABERTURA DA NOSSA ESCOLA!


O momento tão aguardado chegou!

Estimado Aluno,

É com grande alegria que comunicamos a reabertura da nossa Escola no dia 3 de Maio.
Para assegurar os preceitos recomendados pelas autoridades, implementámos algumas regras que constam do email enviado pela Direção da Escola.


📌Aos futuros novos alunos que aceitarem o desafio de se inscreverem:

apresentamos de seguida um horário especial que se adapta às tuas rotinas e necessidades, 7 dias por semana, com horários das 7H às 20H (online e/ou presencial), liderado pela presença de 12 profissionais de excelência, com Formação aprofundada em SwáSthya Yôga 👩‍🏫👨‍🏫


Para mais informações, clique aqui.



E... como parte efetiva da tua prática diária de Yôga, compromete-te a divulgar o nosso trabalho junto do 🌍

Aqui fica um cartaz para que o possas espalhar pelo teu universo!


Prometido?🤞 


terça-feira, 27 de abril de 2021

TUESDAY TUNES

DIA DE MANTRA E DE PRÁNA





No final do mês de março falámos um pouco sobre mantra e de que forma os seus efeitos se fazem sentir através da vibração e ressonância da vocalização de cada conjunto fonético que compõe.

Então, para relembrar, mantra pode-se traduzir como a vocalização de sons e ultra-sons.

Conforme nos diz o Tratado de Yôga, os mantras podem ser utilizados para promover a concentração e meditação, para serenar e energizar, para aumentar o fôlego e melhorar a dicção, para desenvolver os chakras, despertar a Kundaliní e para melhorar a saúde.

Quase todos os mantras podem ser acompanhados por palmas. Elas devem ser feitas a partir do prônam mudrá




Logo, as mãos não se movimentam como nas palmas comuns, ou seja, não se cruzam e as palmas das mãos tocam sempre inteiramente uma na outra replicando o prônam mudrá.

O objectivo deste movimento é friccionar todos os chakras secundários que existem nas mãos e dedos, 35 em cada mão, num total de 70 chakras só nessa parte.



💫Interessante não é?

O resultado desta fricção faz-se sentir quando cessamos de vocalizar o mantra acompanhado das palmas, e ao fazê-lo sentimos imediatamente que as mãos emitem uma grande intensidade de energia pránica. Elas aquecem e sentimos uma sensação de ligeiro formigueiro a irradiar pelas palmas das mãos.

"Prána é o nome genérico de qualquer forma de energia manifestada biológicamente... é uma síntese de energia de origem solar e que se encontra em toda a parte: no ar, na àgua, nos alimentos, nos organismos vivos." 
Mestre DeRose, Tratado de Yôga



Neste caso, é gerada energia térmica e eletricidade estática. Foi produzida pelo atrito das palmas.

Assim se percebe o quão poderoso é vocalizar mantras.
Tem muito que se lhe diga...!

Para aqueles que ainda estão a aprofundar os seus conhecimentos sobre esta filosofia prática de vida que é o SwáSthya Yôga, espero que tenham gostado aprender um pouco mais 😊

Para os meus queridos Colegas Amigos, Instrutores, Formadores e Professores um beijinho grande cheio de saudades de "mantricar" em conjunto nas aulas e nos nossos eventos! São sempre momentos fantásticos e de grande emoção.


🙋Quem tem um mantra favorito?

Escrevam nos comentários 👇


Beijinhos,

Carlota





segunda-feira, 26 de abril de 2021

Inspiring Mondays


História da Nuvem da Praia Grande

Era uma vez uma nuvem que vivia na Praia Grande. Andava lá bem por cima pelo céu a divagar, devagar… muito devagar, olhando o mundo lá em baixo. Via o mar, imenso e azul, crespo junto à praia com ondas brancas que formavam uma espuma saltitante.

Lá no céu, uma bela lua branca, quase transparente, animava a tarde de inverno fazendo contraste com o azul-celeste e com a serra que espreitava por detrás dela.

Com a sua cara redondinha sorria para a pequena nuvem que andava feliz e contente mirando tudo à sua volta, porque queria conhecer o mundo lá de baixo. Queria ver tudo e saber tudo!

Perguntou à lua:

- Dona Lua como é o mundo lá em baixo?

A lua não lhe respondeu, continuando a sorrir com a sua cara redondinha de lua quase cheia.

A pequena nuvem disse-lhe adeus e ao olhar para baixo para a praia, viu as pessoas a passear pela areia, as crianças a correr e a brincar com os cães…

Pessoas nas esplanadas, aproveitavam o sol daquela tarde de inverno e conversavam entre si, bebendo o seu café ou tomando um refresco.

Olhando mais além, a nuvem via os montes e vales que se estendiam para além da praia e o seu pequeno coração ficava cada vez mais feliz.

- Oh, tão grande que é o mundo! – sussurrava baixinho para si, enquanto sorria.

No seu caminho, empurrada pela brisa suave foi mais para dentro do mar, afastando-se da costa.

Lá longe, uma família de golfinhos fazia piruetas no ar, brincavam e conversavam entre si no seu jeito e linguagem próprias, que a pequena nuvem achou muito engraçada.

Continua...









Gostaste? Esta história continua na próxima segunda-feira. O que será que irá acontecer à pequena nuvem?

Podes contar esta história aos teus filhos e pergunta-lhes o que irá acontecer. Partilha comigo nos comentários o que eles disseram, porque eu vou gostar de saber :)

Conto escrito por @zeliadesousacs

sábado, 24 de abril de 2021

Share & Care - Saturdays

Olá a todos! Espero que estejam bem e preparados para mais um sábado Share & Care, hoje, dedicado ao Self Care.

Sabem o que é exatamente o Self Care? Este conceito surgiu aproximadamente há 40 anos e está relacionado com o autocuidado e com um estilo de vida saudável. Segundo afirma a psicóloga clínica Helen. L. Coons, é "a ação de alguém em torno do bem-estar físico, emocional, relacional, até profissional, educacional ou mesmo espiritual, que se reflete na forma como tomamos conta de nós próprios nos níveis mais fundamentais." 

Como podemos constatar, é um conceito fundamental que envolve a nossa consciência em relação ao cuidado que devemos ter connosco próprios. Contudo, o Self Care tem sido, em parte, "vítima" de alguns ideais que o associam ao egoísmo. Na minha opinião, o importante é que sintamos sempre o equilíbrio que deve existir entre tudo o que fazemos. Não vamos associar o Self Care nem ao narcisismo nem ao desleixo, mas sim encontrar o equilíbrio entre o cuidarmos de nós e dos outros. Como a mesma autora acima mencionada referiu, "quando tomamos conta de nós mesmos em todos os aspetos da nossa vida, temos mais energia e inspiração para cuidar dos outros, quer em casa, no trabalho, ou na nossa comunidade."

E é inspirada no conceito do Self Care que hoje te desafio a refletires sobre os cuidados que tens tido contigo e deixo-te algumas sugestões de atitudes positivas para este sábado.

Self Care Saturday: 
  • Acordar sem pressa, espreguiçar e alongar bem, sorrir e sentir gratidão pelo novo dia;
  • Cuidar da higiene pessoal;
  • Vestir algo confortável e bonito;
  • Fazer a aula de Swásthya Yôga de Sábado;
  • Fazer uma caminhada no meio da Natureza - sentir o sol a envolver o rosto ou, em caso de chuva, fechar os olhos e inspirar profundamente sentindo o cheiro a terra molhada;
  • Ler um bom livro;
  • Ver uma série;
  • Aromatizar a casa com uma vareta de incenso káli-danda;
  • Desfrutar com consciência de cada momento e atividade do dia: desde as mais simples às mais complexas ou demoradas;
  • Viver com alegria e entrega sinceras.
Estas são apenas algumas das muitas coisas que podes fazer por ti e, inevitavelmente, pelos que te rodeiam. Lembra-te que ao cuidares de ti estás também a cuidar dos outros. 




Espero que tenhas gostado destas dicas e que partilhes connosco, nos comentários, que atitudes de self care já costumas ter ou estás a pensar adotar. Se ainda não és nosso aluno, sugiro que comeces por trazer o Yôga para a tua vida. Lembra-te, fazemos Escola desde 2002. (geral@yoga5deoutubro.org)

Bom fim-de-semana cheio de Self Care,

Bárbara (basi.yoga).

sexta-feira, 23 de abril de 2021

BRIGHT FRIDAYS

 Alegria Sincera


Na passada sexta-feira a instrutora Marta Campos proporcionou a todos os presentes mais um brilhante tema, a alegria sincera.

Alegria sincera é uma das 8 características principais do SwáSthya Yôga, e é também 1 dos niyamas do código de ética de Patáñjali, em sânscrito, santôsha (contentamento).

Alegria, por definição, é um sentimento de contentamento, de júbilo, satisfação, exultação. Todos sabemos o que é alegria. Mas não é assim tão fácil encontrarmos dentro de nós as palavras certas para explicar.

No final da bright-friday passada, após absorver as intervenções profundas de todos os presentes, percebi, por fim, que alegria sincera é amor à vida, e é essa alegria que dá sentido a tudo o que fazemos e somos, e que existe sempre em nós, faz parte de nós, mesmo quando estamos tristes. 

O que é para vós a alegria sincera e qual a importância desse sentimento no praticante de yôga? Porque é que o Mestre DeRose terá considerado a alegria sincera como uma das oito características principais do SwáSthya Yôga?

Partilhem abaixo nos comentários! :)

Hoje, às 18h30, teremos o professor Hugo de Sousa "desmistificando o Yôga". Lá estarei, e espero encontrar-vos também, nesta que será com certeza mais uma brilhante sexta-feira de aprendizagem e partilha.




"Pure Joy" pintura de Diana Scherpenisse



Alegria

De passadas tristezas, desenganos
amarguras colhidas em trinta anos,
de velhas ilusões,
de pequenas traições
que achei no meu caminho...,
de cada injusto mal, de cada espinho
que me deixou no peito a nódoa escura
duma nova amargura...


De cada crueldade
que pôs de luto a minha mocidade...


De cada injusta pena
que um dia envenenou e ainda envenena
a minha alma que foi tranquila e forte...


De cada morte
que anda a viver comigo, a minha vida,
de cada cicatriz,
eu fiz
nem tristeza, nem dor, nem nostalgia
mas heróica alegria.


Alegria sem causa, alegria animal
que nenhum mal
pode vencer.


Doido prazer
de respirar!


Volúpia de encontrar
a terra honesta sob os pés descalços.


Prazer de abandonar os gestos falsos,
prazer de regressar,
de respirar
honestamente e sem caprichos,
como as ervas e os bichos.


Alegria voluptuosa de trincar
frutos e de cheirar rosas.


Alegria brutal e primitiva
de estar viva,
feliz ou infeliz
mas bem presa à raíz.


Volúpia de sentir na minha mão,
a côdea do meu pão.


Volúpia de sentir-me ágil e forte
e de saber enfim que só a morte
é triste e sem remédio.
Prazer de renegar e de destruir o tédio,


Esse estranho cilício,
e de entregar-me à vida como a um vício.


Alegria!
Alegria!
Volúpia de sentir-me em cada dia
mais cansada, mais triste, mais dorida
mas cada vez mais agarrada à Vida!

Fernanda de Castro, in "D'Aquém e D'Além Alma"